Filiados há cerca de um ano ao PSB, Sílvio Humberto e Zulu Araújo entendem que o fortalecimento da Negritude Socialista na Bahia é uma “avenida de mão dupla”: dá mais visibilidade ao PSB e abre uma “janela” para as demandas das comunidades negras no Estado.
Arquiteto, militante cultural, presidente do Centro de Estudos Mário Gusmão e ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo vê na NS a perspectiva de uma sociedade igualitária, não só do ponto de vista racial ou econômico, mas do ponto de vista mais amplo, contemplando também as questões de gênero no que se refere às mulheres; de comportamento, no que concerne aos homossexuais.
“Essa é a razão de eu ter entrado para o partido. O programa do PSB atende a essa expectativa e isso tem que ser discutido na sua base por sua militância”, explica Zulu.
Já o economista e presidente do Instituto Cultural Steve Biko, Sílvio Humberto, destaca que o partido ganha com a experiência dos militantes negros nas discussões sobre a necessidade de transversalidade das políticas de promoção de igualdade racial, mas a legenda precisa servir de instrumento para que se faça o resgate dessa dívida.
“É preciso promover a ascensão social dessa população, combatendo o racismo e o sexismo, pilares da estrutura das desigualdades no País. Afinal, a pobreza tem gênero, idade e cor: a maioria das pessoas em situação de extrema pobreza é mulher, jovem e negra”, assinala Humberto.
Cultura negra – A poucos dias da folia carnavalesca, Zulu Araújo ressalta que a cultura negra é muito mais forte e importante do que sua presença no carnaval.
“O carnaval gira em torno da cultura negra. Ela se faz presente não só ritmicamente, mas na gastronomia, na indumentária e no vocabulário do nosso povo. Esses produtores culturais precisam ter um tratamento digno no sentido da sua inclusão econômica para que não sejam mais tratados como párias. Financiar isso não é favor, é obrigação”, entende.
Sílvio Humberto explica que a ampliação da participação das entidades afro no carnaval tem sido uma conquista e que elas utilizam o espaço da alegria para expressar sua consciência e religiosidade. Dentro dessa estratégia, ele observa que, no final do século passado, a imprensa nacional mostrava-se perdida ao não entender, por exemplo, por que os ensaios dos blocos afro começavam em setembro do ano anterior ao carnaval.
“Depois da afirmação da cultura negra, a questão é o financiamento dessas entidades porque elas fortalecem suas comunidades, gerando emprego e renda para que as pessoas possam viver com dignidade, principalmente, a juventude”, assevera.
Zulu Araújo articula criação da Secretaria Nacional de Cultura do PSB
Para o presidente do Centro de Estudos Mário Gusmão e ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, a formulação de políticas públicas para a Cultura precisa ser encarada de maneira estratégica pelo PSB para a promoção de desenvolvimento, defesa e respeito à diversidade do País e do mundo.
Zulu cita ainda como exemplo de “deformidade administrativa” do ponto de vista da cultura a gestão atual de Salvador, que teria extinguido na prática a Secretaria Municipal da Cultura.
“Em uma cidade como Salvador, primeira capital do Brasil, terceira maior cidade do País, matriz de grande parte dos movimentos culturais e que movimenta cerca de R$ 600 milhões apenas com o Carnaval, cultura é gênero de primeira necessidade e precisa ser encarada dessa forma”, assevera Zulu.
O socialista informa que tem trabalhado em conjunto com Carlos Siqueira, presidente nacional da Fundação João Mangabeira, na formulação de uma proposta de política pública da cultura para o partido. Outro objetivo, segundo ele, é provocar o debate entre os militantes sobre a necessidade de criação da Secretaria Nacional de Cultura do PSB, uma vez que é tradição da legenda, desde sua origem como Esquerda Democrática, reunir ícones da cultura brasileira.
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