A presidenta Dilma Rousseff anunciou, na
manhã desta quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, um pacote de medidas
destinadas às comunidades quilombolas abrangendo às áreas de regularização
fundiária e inclusão produtiva dirigidas à agricultura familiar. O anúncio foi
feito durante cerimônia comemorativa do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência
Negra.
As ações,
que integram o Plano Brasil Sem Miséria (PBSM), ampliam o Programa Brasil
Quilombola (PBQ) e serão coordenadas pela Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir) em parceria com os
ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS) e da Educação (MEC) e da Cultura (Minc).
“Nós
estamos comemorando os avanços registrados pelas comunidades quilombolas, mas,
também, ouvindo os representantes da sociedade. E a verdade é que precisamos
qualificar, cada vez mais, as nossas políticas públicas para que mais e mais
brasileiros tenham acesso a esses benefícios”, declarou o ministro do MDA, Pepe
Vargas, durante o evento.
Na
ocasião, foram assinados 11 decretos de declaração de interesse social para
fins de desapropriação e entregues pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra) – autarquia ligada ao MDA –, títulos de terra
definitivos a duas comunidades de Sergipe, além de certificadas mais 23 comunidades
do Piauí, pela Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura.
A atuação
específica do MDA nas medidas anunciadas engloba quatro eixos: acesso à terra;
acesso às políticas públicas; Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater); e
Selo Quilombos do Brasil. No caso dos decretos assinados pela presidenta Dilma
Rousseff, compete agora ao Incra identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e
titular as terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades quilombolas. Já
são 193 tituladas com área total de 988,6 mil hectares, beneficiando 12 mil
famílias.
Títulos fundiários
Durante a solenidade, o presidente do Incra, Carlos Guedes de Guedes, assinou e
entregou os dois títulos fundiários de Sergipe, referentes às comunidades
quilombolas de Mocambo, no município de Porto da Folha, beneficiando 113
famílias, e de Lagoa dos Campinhos, nos municípios de Amparo de São Francisco e
Telha, atendendo 89 famílias.
O Incra
também contará com um repasse de R$ 1,2 milhão da Seppir para identificação e
delimitação de terras de 3.350 famílias em 26 comunidades. A regularização
fundiária permite o acesso com maior segurança a políticas de inclusão
produtiva e de infraestrutura, como o Minha Casa, Minha Vida.
Também foi
assinada portaria pela Fundação Cultural Palmares estabelecendo normas de
procedimento para credenciamento e reconhecimento de agentes emissores de DAPs
(Declarações de Aptidão ao Pronaf) para agricultores quilombolas. A partir
desta Portaria, as associações quilombolas poderão cadastrar diretamente seus
agricultores familiares no sistema MDA, e emitir as DAPs.
Em 23 de
março de 2010, por meio da Portaria 17, o MDA delegou à Fundação Cultural
Palmares, por meio de associações quilombolas reconhecidas, a emissão de DAPs.
Atualmente, somam 15.549 as DAPs cadastradas de agricultores quilombolas.
Na
solenidade, houve igualmente a assinatura de um Termo de Cooperação entre MDA,
MDS, Seppir e Fundação Cultural Palmares, para gestão da chamada de Ater e
fomento produtivo. A Ater possibilita o aumento de renda e a melhora da
qualidade de vida das famílias rurais, por meio do aprimoramento da produção
agrícola de forma sustentável. Atualmente, existem 4.480 quilombolas sendo
atendidas com Ater no PBSM, desde 2011.
Selo Quilombos do Brasil
Os quilombolas passam também a contar, a partir de hoje, com o Selo Quilombos
do Brasil articulados, por meio de portaria interministerial do MDA com a
Seppir, com Selo de Identificação e Participação da Agricultura Familiar -
Sipaf. De acordo com informações do CADÚnico, mais de 80% das famílias
quilombolas desempenham atividades agrícolas, pesca artesanal ou extrativismo.
O selo de
identificação social de produtos oriundos das comunidades quilombolas, Selo
Quilombos do Brasil, passa a ter sua expedição associada e articulada à expedição
do Sipaf. Os interessados na obtenção do Selo Quilombos do Brasil deverão
requerê-lo perante o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O produto
final terá os dois selos.
A exemplo
do Selo da Agricultura Familiar, o Selo Quilombos do Brasil servirá como
certificado de origem e identidade cultural para os produtos de procedência
quilombola.
“Há
regiões do Brasil, em especial no Sul e Sudeste, onde, às vésperas do fim da
escravidão, imigrantes receberam terras e estímulos para trabalhar. O escravo
liberto não recebeu o mesmo tratamento. Foi preciso que a Constituição de 1988
e as políticas do governo a partir de 2003 começassem a reparar esses erros
históricos”, lembrou o ministro Pepe Vargas durante discurso na solenidade. “O
acesso à terra e às políticas públicas pelas comunidades quilombolas deve ser
fortalecido e melhorado para que essas populações possam construir a felicidade
a que têm direito. É isso que vocês nos cobram aqui e é isso que a presidente
Dilma Rousseff também nos cobra”, acrescentou.
Fonte:http://www.jornaldiadia.com.br/index.php/politica/111805-mda-e-contemplado-com-acoes-na-ampliacao-do-programa-brasil-quilombola