Campo Grande (MS) – As atividades do 20 de
novembro (Dia Nacional da Consciência Negra) está sendo celebrado em mais de
mil cidades do País. Em comemoração a data, no Mato Grosso do Sul também estão
sendo realizadas diversas atividades culturais. Dentre elas, homenagens a
personalidades negras do Estado, palestras e entrevistas. A coordenadora
Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial
(Cppir/MS), Raimunda Luzia de Brito, falou sobre o aumento da população negra
no Estado, durante uma entrevista, ontem (20), para uma emissora de TV da
Capital.
“Os dados
que nós temos é que houve um acréscimo de pessoas que se autodeclararam negras.
Nós temos 28,4% de pessoas que se autodeclararam negras. E atualmente nós já
temos quase 40% da população negra no Estado”, informou a coordenadora da
Cppir/MS.
Raimunda
explicou que, o número de brasileiros negros autodeclarados subiu de 13,1 milhões
– dados de 2009 – para 16 milhões, em 2011 (divulgado pelo IBGE, em setembro de
2012), é devido às discussões que vem sendo realizadas sobre a população negra.
“Nós trazemos as pessoas para as discussões de temáticas sobre a consciência
negra. E elas começam a se sentirem valorizadas e visibilizadas. Coisa que não
acontecia antes”, disse Brito.
Segundo
ela, ainda existe muito preconceito velado, com relação ao negro, na sociedade.
“Basta você chegar numa repartição pública e olhar quantos pretos têm no local,
ocupando cargo de chefia”, questionou Raimunda. Já com relação às cotas, ela
disse que foi uma conquista para o negro. “O negro, na época da escravidão era
proibido de ir à escola. Quando tinham algum senhor que queria colocá-los na
escola, eles (negros) eram multados e tinham que pagar impostos. Isso afastou o
negro da escola. E com esse afastamento, os próprios professores começaram a
achar que o negro era cidadão de segunda classe. E não davam oportunidade para
que ele estudasse”, informou.
Raimunda deixa um lembrete aos jovens,
para que eles não deixem de estudar. E dá seu próprio exemplo. “Eu conclui meu
doutorado (na área da educação), com 71 anos de idade. Atualmente estou com 73
anos”.
População negra
Segundo dados do IBGE (2010), o total da população negra de Mato Grosso do Sul chega a 1 milhão. Já de acordo com o documento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado no mês de setembro de 2012, o Censo 2010 confirmou alteração na composição racial brasileira, em que a população negra passa a figurar como maioria. Segundo o Ipea, os negros no Brasil, considerados aqueles que se declaram pardos e pretos, correspondem a 96,7 milhões de indivíduos – 50,7% dos residentes.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o contingente populacional negro havia ultrapassado o
branco em 2006 e, dois anos depois, representava a maioria da população. Este
aumento progressivo, verificado desde a primeira metade do século passado e
intensificado na última década, conforme analisa Soares (2008), se deve,
sobretudo à ampliação do número de indivíduos que se reconhecem como pretos ou
pardos, uma vez que, considerando-se o impacto da diferença das taxas de
fecundidade, a população negra somente seria majoritária em 2020.
Maior participação
O aumento da participação da população negra se deu
em todas as Unidades Federativas (UFs) e foi maior que a variação nacional –
de 13,6% – em oito estados. Pará, Bahia e Maranhão figuram como os estados com
maior participação de pretos e pardos (em torno de 76% da população total em
cada um). Por sua vez, São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro congregam
45% da população preta e parda do país. (Veja matéria: Ipea diz que os negros
no Brasil correspondem a 96,7 milhões de indivíduos, neste siteWWW.igualdaderacial.ms.gov.br)
Mato Grosso do Sul
De acordo com os dados do IBGE (de 2010), 1.187.656
(somando cor preta + parda = a negra) é a população total de negros no Mato
Grosso do Sul. O total de mulheres pretas no Estado é de 53.940; pardas,
529.988. Já os homens pardos totalizam 537.572 e os pretos, são 66.156 no MS.
Cotas
Além da regulamentação do decreto da Lei de Cotas
(nº 12.711/2012), publicada na edição do dia 15 de outubro, deste ano, do Diário
Oficial da União, -que determina a reserva de metade das vagas das
universidades e institutos federais de ensino para alunos das escolas públicas,
negros e indígenas, o Palácio do Planalto prepara o anúncio para este ano de um
amplo pacote de ações afirmativas que inclui a adoção de cotas para negros no
funcionalismo federal.
De acordo com as informações da Fundação
Cultural Palmares, o Governo Federal também planeja estender sua política de
cotas raciais, ao serviço público. O objetivo é criar medidas para diminuir as
desigualdades raciais no Brasil. A proposta elaborada pela Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) está sob análise da Casa
Civil e aguarda a palavra final da presidenta Dilma Rousseff.
Comunidades quilombolas
Outro assunto importante trata-se de uma
audiência, realizada no dia 6 de novembro, na Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa (CDH), com a ministra da Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Luiza Bairros. Durante a
audiência a ministra informou que o Brasil tem hoje uma população estimada de 1,17
milhão de quilombolas. A maior parte vivendo no Nordeste.
Segundo a Agência de Desenvolvimento Agrário e
Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer), atualmente no Estado
totalizam 21 comunidades quilombolas.
De
acordo com a ministra da SEPPIR, existem 1.948 comunidades remanescentes dos
quilombos reconhecidas, sendo que 1.834 delas já foram certificadas pela
Fundação Palmares, instituição vinculada ao Ministério da Cultura, cuja
finalidade é preservar a cultura afro-brasileira. Com os títulos já expedidos pelo Incra/MS, existem
na superintendência da autarquia em Mato Grosso do Sul 16 processos
em andamento, de Comunidade Quilombola do Estado.
Luiza Bairros
apresentou um panorama das políticas públicas para o segmento contidas no
Programa Brasil Quilombola, criado em 2004 pelo governo federal.
Fonte:http://www.igualdaderacial.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=256&id_comp=3889&id_reg=191309&voltar=home&site_reg=256&id_comp_orig=3889
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