domingo, 30 de dezembro de 2012

Tema consciência negra contribui para aumento de autodeclaração dos negros, diz Raimunda


Campo Grande (MS) – As atividades do 20 de novembro (Dia Nacional da Consciência Negra) está sendo celebrado em mais de mil cidades do País. Em comemoração a data, no Mato Grosso do Sul também estão sendo realizadas diversas atividades culturais. Dentre elas, homenagens a personalidades negras do Estado, palestras e entrevistas. A coordenadora Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (Cppir/MS), Raimunda Luzia de Brito, falou sobre o aumento da população negra no Estado, durante uma entrevista, ontem (20), para uma emissora de TV da Capital.

“Os dados que nós temos é que houve um acréscimo de pessoas que se autodeclararam negras. Nós temos 28,4% de pessoas que se autodeclararam negras. E atualmente nós já temos quase 40% da população negra no Estado”, informou a coordenadora da Cppir/MS.
Raimunda explicou que, o número de brasileiros negros autodeclarados subiu de 13,1 milhões – dados de 2009 – para 16 milhões, em 2011 (divulgado pelo IBGE, em setembro de 2012), é devido às discussões que vem sendo realizadas sobre a população negra. “Nós trazemos as pessoas para as discussões de temáticas sobre a consciência negra. E elas começam a se sentirem valorizadas e visibilizadas. Coisa que não acontecia antes”, disse Brito.

Segundo ela, ainda existe muito preconceito velado, com relação ao negro, na sociedade. “Basta você chegar numa repartição pública e olhar quantos pretos têm no local, ocupando cargo de chefia”, questionou Raimunda. Já com relação às cotas, ela disse que foi uma conquista para o negro. “O negro, na época da escravidão era proibido de ir à escola. Quando tinham algum senhor que queria colocá-los na escola, eles (negros) eram multados e tinham que pagar impostos. Isso afastou o negro da escola. E com esse afastamento, os próprios professores começaram a achar que o negro era cidadão de segunda classe. E não davam oportunidade para que ele estudasse”, informou.

Raimunda deixa um lembrete aos jovens, para que eles não deixem de estudar. E dá seu próprio exemplo. “Eu conclui meu doutorado (na área da educação), com 71 anos de idade. Atualmente estou com 73 anos”.   
  
População negra
Segundo dados do IBGE (2010), o total da população negra de Mato Grosso do Sul chega a 1 milhão. Já de acordo com o documento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado no mês de setembro de 2012, o Censo 2010 confirmou alteração na composição racial brasileira, em que a população negra passa a figurar como maioria. Segundo o Ipea, os negros no Brasil, considerados aqueles que se declaram pardos e pretos, correspondem a 96,7 milhões de indiví­duos – 50,7% dos residentes. 

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o contingente populacional negro havia ultrapassado o branco em 2006 e, dois anos depois, representava a maioria da população. Este aumento progressivo, verificado desde a primeira metade do século passado e intensificado na última década, conforme analisa Soares (2008), se deve, sobretudo à ampliação do número de indivíduos que se reconhecem como pretos ou pardos, uma vez que, considerando-se o impacto da diferença das taxas de fecundidade, a população negra somente seria majoritária em 2020.

Maior partici­pação 

O aumento da participação da população negra se deu em todas as Unida­des Federativas (UFs) e foi maior que a variação nacional – de 13,6% – em oito estados. Pará, Bahia e Maranhão figuram como os estados com maior partici­pação de pretos e pardos (em torno de 76% da população total em cada um). Por sua vez, São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro congregam 45% da população preta e parda do país. (Veja matéria: Ipea diz que os negros no Brasil correspondem a 96,7 milhões de indivíduos, neste siteWWW.igualdaderacial.ms.gov.br)  

Mato Grosso do Sul
De acordo com os dados do IBGE (de 2010), 1.187.656 (somando cor preta + parda = a negra) é a população total de negros no Mato Grosso do Sul. O total de mulheres pretas no Estado é de 53.940; pardas, 529.988. Já os homens pardos totalizam 537.572 e os pretos, são 66.156 no MS.

Cotas

Além da regulamentação do decreto da Lei de Cotas (nº 12.711/2012), publicada na edição do dia 15 de outubro, deste ano, do Diário Oficial da União, -que determina a reserva de metade das vagas das universidades e institutos federais de ensino para alunos das escolas públicas, negros e indígenas, o Palácio do Planalto prepara o anúncio para este ano de um amplo pacote de ações afirmativas que inclui a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal.

 De acordo com as informações da Fundação Cultural Palmares, o Governo Federal também planeja estender sua política de cotas raciais, ao serviço público. O objetivo é criar medidas para diminuir as desigualdades raciais no Brasil. A proposta elaborada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) está sob análise da Casa Civil e aguarda a palavra final da presidenta Dilma Rousseff.

Comunidades quilombolas

Outro assunto importante trata-se de uma audiência, realizada no dia 6 de novembro, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), com a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Luiza Bairros. Durante a audiência a ministra informou que o Brasil tem hoje uma população estimada de 1,17 milhão de quilombolas. A maior parte vivendo no Nordeste.

Segundo a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer), atualmente no Estado totalizam 21 comunidades quilombolas.

De acordo com a ministra da SEPPIR, existem 1.948 comunidades remanescentes dos quilombos reconhecidas, sendo que 1.834 delas já foram certificadas pela Fundação Palmares, instituição vinculada ao Ministério da Cultura, cuja finalidade é preservar a cultura afro-brasileira. Com os títulos já expedidos pelo Incra/MS, existem na superintendência da autarquia em Mato Grosso do Sul 16 processos em andamento, de Comunidade Quilombola do Estado.

Luiza Bairros apresentou um panorama das políticas públicas para o segmento contidas no Programa Brasil Quilombola, criado em 2004 pelo governo federal.


Fonte:http://www.igualdaderacial.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=256&id_comp=3889&id_reg=191309&voltar=home&site_reg=256&id_comp_orig=3889

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