20 de Novembro 2011



POVOS AFRODESCENDENTES


Nesse ano de 2011, a ONU proclamou o ano dos povos afrodescendentes. O que esse ato da ONU representa? Do ponto de vista da população negra, representa um reconhecimento histórico e humanitário, uma vez que a população negra em todos os cantos do mundo sofre historicamente algum tipo de segregação ou algum tipo de discriminação etnicorracial.

É um reconhecimento humanitário, porque a população negra foi vítima direta e continua sendo vítima de todos os tipos de discriminações e marginalizações nas diversas nações do mundo. Aqui no Brasil, por exemplo, segundos dados do IBGE, é a maioria da população brasileira, mas é também a maioria analfabeta, desempregada, marginalizada, presidiária e etc.

Diante desse contexto, é importante que o poder público brasileiro reconheça e envide esforços para que haja a valorização, o reconhecimento e o desejo sincero de reparar historicamente a dívida que a população branca tem para com o povo negro brasileiro, pois seus ancestrais, sob suor, frio, chicote e fome, estruturaram à força do sistema escravocrata a economia dessa nação. Foram 356 anos de regime forçado de trabalho. E, após a assinatura da Lei Aurea, tornam-se aqui, os sem teto, expatriados, sem família e sem lar, em fim, sem perspectivas de vida.

Nesse sentido, nós do PSB, vamos avançando por meio de políticas públicas e ações afirmativas no sentido de reparar essa dívida com povo negro brasileiro. Nesse mês de novembro em que as comunidades negras comemoram a Semana da Consciência Negra (20 de novembro) em lembrança e reconhecimento da luta de Zumbi dos Palmares, queremos como socialistas que verdadeiramente somos, afirmar que estamos com total sintonia com as lutas e valores de todo o povo negro brasileiro.

                                                              Goiânia, 20 de Novembro de 2011
                                  
                                                                Prof. Mcs. Domingos Barbosa


CONSCIÊNCIA POLÍTICA E SOBERANIA NEGRA

Estou imaginando mais uma Semana da Consciência Negra e nesse hábito de imaginar sobre questões reais, meus pensamentos me forçam a pensar. Pensar é uma oportunidade para fomentar novas idéias. Nesse sentido proponho uma reflexão sobre a questão da consciência negra. Consciência Negra remete-nos a pensar, e não a “imaginar” apenas as ações dos movimentos negros organizados em função do dia 20 de novembro. A Semana da Consciência Negra deve ser algo maior, mais valoroso e inovador. Estou a pensar o povo negro em “movimento”, em ação, fazendo concretamente seus direitos e valores serem respeitados e reconhecidos. Seguindo esse raciocínio algumas indagações se tornam pertinentes. Por exemplo, nós, negras e negros nascidos no Brasil somos por lei, reconhecidos, seres “livres” pela Constituição da República Federativa do Brasil; garante a lei que somos “iguais” e, por isso, devemos ser respeitados. Tudo é verdade até que se prove ao contrário. Mas por que então, foi necessário a elaboração do Estatuto da Igualdade Racial? E porque nós, negras e negros necessitamos discutir e lutar para ver nossos direitos respeitados, uma vez que esses deveriam ser reconhecidos espontaneamente? Se não estou equivocado, as lutas concretas dos movimentos negros teve um impulso a partir de 1988, quando da Campanha da Fraternidade com o lema: “O Negro e a Fraternidade”. Ou seja, há 21 anos, nós, negras e negros clamamos com mais ênfase e posicionamento por dignidade, respeito e reconhecimento. Porém, ainda é fato que muitos jovens negros estão sendo sumariamente assassinados e, muitos cidadãos negros estão sendo hostilizados e submetidos a constrangimentos públicos simplesmente por serem negros.

Nesses tantos anos de luta e movimento, me parece que já é tempo maduro para uma nova postura da comunidade negra do ponto de vista étnico-político. Consciência sugere a ideia de liberdade e autonomia. Daí que, toda iniciativa do povo negro do ponto de vista político, deve conseqüentemente, primar pela defesa da soberania étnica da comunidade negra. Por soberania consideramos o exercício livre da vontade pessoal do ser humano e, nesse caso, toda ação livre tem em si um objetivo a ser alcançado. Assim, nós negros e negras temos de saber o que desejamos alcançar com as iniciativas realizadas no dia 20 de novembro e a quem desejamos atingir. Sugiro aqui três idéias: Primeira, devemos atingir a consciência do povo negro, no sentido de que toda e qualquer pessoa da etnia negra tome consciência e conhecimento da real situação em que vivemos na sociedade brasileira; depois “pedagogizar” as ações da Semana da Consciência Negra. Isto é, encontrar novas fórmulas de como nós dos movimentos organizados vamos “seduzir” os negros e negras não envolvidos nos movimentos e em organizações, para que venham fazer parte das ações e, assim, despertem a consciência e reconheçam que a luta é de todas e de todos nós; por último, tem de ser uma idéia, cuja fundamentação tenha repercussão na sociedade civil e no poder público. O povo negro no Brasil é maioria populacional, mas ao longo dos anos tem aceitado e legitimado que apenas os homens brancos assumam o poder político em detrimento dos homens e mulheres da etnia negra. Essa cultura do “embranquecimento” tem dificultado o equilíbrio sócio-político e econômico da etnia negra em relação à maioria da população branca, pois, uma vez no poder, os homens brancos desconhecem a importância do povo negro na estruturação da economia brasileira e, quando predispõem a realizar algo que tenha como referência a cultura negra, o fazem via políticas públicas e ou ações afirmativas, as quais são importantes dadas as circunstâncias históricas do país, mas é verdade, são ações que não resolvem o problema do povo negro, quando muito ameniza. Pensemos nas comunidades quilombolas e nos tantos negros e negras que vivem nas periferias das cidades e que não estão inseridos em nenhum movimento e não são quilombolas, pensemos nas estradas do Brasil e vemos os “homens invisíveis” ( os andarilhos das estradas do país), são negros na sua imensa maioria. Veremos que nós temos muito pelo que lutar e exigir em termos de políticas públicas e de ações afirmativas.

Consideremos aqui as políticas públicas do atual governo federal, de fato se trata de algo diferenciado em relação a todos os governos anteriores. Manteve o sistema de cotas, criou o ministério da promoção da igualdade racial, mas é agora a hora de manter-nos os olhos voltados para a realidade que nos cerca. Assim, entendo que o desafio do povo negro organizado é: mudar o foco da atuação e trazer os negros e as negras para o centro da discussão sendo que: cada negro e cada negra é representante de sua causa e assim, a causa de todos.

Domingos Barbosa. (Profº. Dumas) É filósofo, Educador, Mestre em filosofia política e membro do movimento negro./NSB
                                                                    Goiânia, Novembro de 2011.


A CONSCIÊNCIA NEGRA!

O povo negro comemora mais um período de lutas e bastas. Sair do muro das lamentações e vir para a luta, essa foi à maior conquista de nosso povo negro. “A decisão” de dar um basta no comodismo do coitado e resgatar a dignidade, exigindo cidadania plena, negando a submissão e impedindo a captura de nossas mentes. É possível que muitos de nós não colhamos frutos de nossas lutas, mas aí começa a consciência de que para que eu estivesse aqui fazendo essa reflexão, muitos doaram seu sangue e suas vidas.

Nós resistentes remanescentes de uma raça que os doentes racistas teimam em desqualificar, não temos o direito de aceitar, nem se deixar aprisionar física ou mentalmente, se não for pela consciência, que seja pelo respeito aos nossos antepassados.

Tristemente ainda assisto irmãos negros (as), detentores de conhecimento, se posicionando como capacho, decretando o parasitismo pro resto de suas vidas. São àqueles que trazem em seu inconsciente a senzala mental propositalmente implantada para que não se atrevam a pensar sequer, em extrapolar os limites da servidão a eles(as)impostos.

Nessa caminhada de muitas vitórias, assisti a muitos se digladiando pelas migalhas, se destruindo entre si, para que os opressores se perpetuem no poder. É assim, no partido, Movimentos, Escolas de Samba, Comunidades, Igrejas... Lamentavelmente  muitos de nossos irmãos  não mudarão, mas não hão de ser jogados  às feras, pois já são frutos e vítimas delas, e a elas estão entregues.

20 de novembro, além de ser uma data  para reflexão de todas as bandeiras que aí estão, havemos de homenagear, aplaudindo de pé  aos nossos ZUMBÍS CONTEMPORÂNEOS,  pois esses nos mostram que;  tão importante  quanto se estabelecer nas instâncias de poder substituindo os opressores, é resgatar através da formação, informação e conscientização, os nossos companheiros e irmãos aprisionados em todo tipo SENZALAS.
Parabéns para todos nós, um grandioso axé!
Beijos no coração dessa negrada linda.
Devaldo Baptista dos santos/Mancha.


INSTITUÍDO DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Lei sancionada em 11/11/2011

Em todo o país a data é comemorada com marchas e outras atividades.

A presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou ontem (10) a Lei 12.519, que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares. A resolução oficializa uma iniciativa bem-sucedida dos movimentos sociais negros, iniciada em meados dos anos mil novecentos e setenta.

Hoje, incorporado ao calendário das escolas e de muitas outras instituições públicas e privadas, o 20 de Novembro destaca-se como um evento cívico vibrante e de grande participação popular.

As justas homenagens que prestamos a Zumbi e seus companheiros e companheiras exprimem o reconhecimento da nação às lutas por liberdade e pela afirmação da dignidade humana de africanos e seus descendentes que remontam ao período colonial, declara a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros.

O Dia Nacional da Consciência Negra já é celebrado em 20 de Novembro e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Apesar do ponto alto da celebração coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, a cada ano as atividades alusivas à data são expandidas ao longo do mês, ampliando os espaços dedicados à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade.

Um número cada vez mais significativo de entidades da sociedade civil, principalmente o movimento negro, tem se mobilizado em todo país, em torno de atividades relativas à participação da pessoa negra na sociedade em diferentes áreas: trabalho, educação, segurança, saúde, entre outros temas.

Neste Ano Internacional dos Afrodescendentes  instituído por Resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Nacional da Consciência Negra ganha caráter internacional. No Brasil, o ápice desta celebração será o Afro XXI  Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodecendentes, que acontece em Salvador, de 16 a 19 de novembro. O evento reunirá representações de países sul-americanos, caribenhos, africanos e ibero-americanos, em torno de debates acerca da situação atual desses povos nas regiões participantes.

A comemoração do 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. O dia homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1997, Zumbi faz parte do Livro dos Herois da Pátria, no Panteão da Pátria e da Liberdade.